POESÍA Tres de tres / Três de três. Gustavo Costa y Julio César Aguilar


TRÊS POEMAS DE JULIO CÉSAR AGUILAR TRADUZIDOS PARA O PORTUGUÊS POR GUSTAVO COSTA
 
SOU O GUARDIÃO
 
Sou o guardião
      da noite,
administrador dos sonhos
e das conquistas.
 
Enquanto ela dorme, contemplo
da sombra
a obstinação da lua.
 
De suas entranhas
brota minha voz,
sei que ela me sonha,
ou seriam seus olhos
meu espelho, e seu nome
meu sobrenome?
 
De repente, ela se desliza
entre meus ombros
e estamos juntos.
 
Adentro o sonho respirando
de seu hálito breves minutos.
Somos um só.
 
Permanecemos entre parênteses
até que o balbuciar da luz
mine nossas paredes.
 
A noite então
abre meus olhos,
baixa minhas pálpebras
e ao mundo real
            me lança.
 
 
MERGULHO NA NOITE
 
Mergulho na noite
e a noite se umedece
         se diverte
         se refresca
na fonte viva
dos meus olhos
Caminhamos
         em direção à vida
         na vida e na morte
 
Vamos de poço em poço
ou de uma estrela a outra
montados no vento
         que nos conta
         antiguíssimas histórias
                     novas
 
Juntos subimos ao cume
 do seu instante  ali
 estende a mão
 e me oferece
                  um sonho
 
 
 
HÁLITOS DE MISTÉRIO
 
I
Um rumor de sombras
a sustenta intacta,
impenetrável.
Deve esconder-se
no silêncio de sua profundeza,
guardando assim
seu nome negro.
 
II
De estrelas úmido
a percorro palmo a palmo
mordiscando
         a lua
           que lhe resta.
 
III
A noite nascente
é a flor que se abre
a múltiplos destinos
(e a gente descobre o sonho
ao farejar essa flor).
 
IV
Abri as janelas
do meu corpo
para respirar a noite
e entrelaçar,
em seu hálito de mistério,
as solidões.
 
V
A lua
pastoreia na noite
seu rebanho de estrelas.
 
VI
Ninguém caminha
na laje
do meu insônio.
 
VII
Um desejo
amadurece e cai
dessas horas,
como da noite
os sonhos.
 
VIII
Falta pouco para amanhecer,
para que o sonho, na letargia do dia,
logo se torne concreto.
 
IX
Nas entranhas da noite o dia gera sua luz.
 
X
Úmido de luz
me surpreende a manhã
ao despertar.
 
XI
Teus olhos se abrem
e, como de costume,
o dia com eles.
 
XII
O sonho reconstrói a noite,
e a noite, o Sonho.
 

TRES POEMAS DE GUSTAVO COSTA TRADUCIDOS AL ESPAÑOL POR JULIO CÉSAR AGUILAR
 
UNIVERSO
 
Empezar, creer, no desesperar
Esperar, respirar, continuar
Dudar, interpretar, desafiar
Imaginar, rimar, poetizar
Bailar, sambar, reír
Abrazar, besar, amar
Viajar, navegar, no oxidarse
Apuntar, apostar, celebrar
Jugar, recrear, no apedrear
Charlar, relajarse, descansar
Desestresarse, sacudirse, gritar
Ser fanático, curiosear, desahogarse
Evitar el tema, dudar, esconderse
Arriesgar, saltar, celebrar
Lamentar, llorar, levantarse
Cometer errores, eliminarlos, mejorarlos
Volar, aterrizar, terminar
 
 
DESIERTO
 
No era el desierto del Sahara
Ni siquiera el desierto antártico
Sólo se veía una luz
Era el resplandor de un alma
 
Allí nunca llovía
No crecían flores
Sólo se oía el viento
Y el sonido de la soledad
 
Ese desierto no tenía nombre
Ni siquiera la presencia de humanos
Sólo había dualidad
Entre la serenidad y la desesperación
 
El cielo no tenía color
El polvo era transparente
El mar era el desierto mismo
La escena era un exilio de dolor
El verano era hielo
El invierno era fuego
Las huellas de aullidos
Y las dunas de la ilusión
 
La arena estaba fría
El corazón cálido latía
Pero por no ser humana
El alma pronto sintió
 
El aire era sofocante
La respiración se detenía
El espíritu luchaba
Pero se calmaba pronto
 
La espera parecía eterna
No había ningún lugar adonde correr
Que el alma del desierto descanse
Porque mañana tendrá que brillar otra vez.
 
 
IMPOSTOR
 
¡Él es capaz!
Hay pruebas, escritas y orales
Pero los ojos parecen sellados
La mente es tu enemigo confeso
El espejo distorsiona la verdad
La inteligencia persiste
La duda también
El miedo irrumpe
Los días pasan
Los ojos se entreabren
El optimismo es inconstante
La esperanza nace con el sol
Pero pronto muere con la luna.

 
GUSTAVO COSTA é Doutor em Espanhol (Literatura Hispânica) pela Texas Tech University. Atualmente atua como professor de espanhol e português na Baylor University, localizada em Waco, Texas, EUA. É autor de trabalhos acadêmicos que abordam a questão da identidade e do espaço urbano na literatura latino-americana, além de ser um escritor criativo. Ele é autor do livro de poesias Mosaico da Alma, 2024.
JULIO CÉSAR AGUILAR es Doctor en Estudios Hispánicos por Texas A&M University. Actualmente es profesor de español en Baylor University. Es autor de varios libros de poesía, entre ellosLa consigna y el milagro, 2003; Barcelona y otros lamentos, 2008; Alucinacimiento, 2009; Aleteo entre los trinos, 2014; Perfil de niebla, 2016, y Don del fulgor, 2018. Ha escrito varios artículos de investigación literaria con un enfoque multidisciplinario.Escribir biografía o pie de entrada que se desea compartir en esta plataforma de Blogger. Cuidar la presentación y el manejo de fotos.

Fotografias de Pexels


0 Comentarios